sábado, 7 de novembro de 2015





espalha as coisas todas assim
café chet muita tristeza
mais uma manhã assim
penso em escrever
para espantar meus medos
mas apenas escrevo medos
meus dedos
modos surdos
nada
mais pode tornar mais absoluto esse silêncio
e a poesia de outros
que usamos para nos esconder
com tantos dedos
de leve
revelar um
resvalar
lembra um pensamento pássaro
que já não é mais manhã
eu não tenho nada
e até para educar os medos
precisa vida
precisa mais que uma manhã de cigarros
ouvidos tímpanos estourados
a garganta seca
a lágrima salgada
a pele salgada
do rosto
de tanto chorar
já não diz nada
não pode ligar
está ainda tão cedo
mas acordo para lembrar
afasto disperso essa nuvem de fumaça
nada pode descrever assim
o vazio fundo
a traça que consome seus papéis
enquanto tudo leve tornamos
entornamos o copo
atormentamos para escapar
dos surdos
dos críticos
da massa
do barro
enquanto a água leva
arrasta tudo que é vivo e pode silenciar
a solução de todas as questões
a dissolução de tudo
já não tenta apaziguar
embriaga amarga apalpa
a face
berra
lendo um pensamento
escrevendo um poema
mas uma lembrança assim
mais uma manhã assim
não adianta nada
tampada
levanta de longe vendo sua vida
não pode deitar
acabou de levantar
sonhos a levar
poder de levitar

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