quarta-feira, 7 de abril de 2010

só pra usar aquela velha liberdade que incomoda
só pra contaminar todo
o todo
sempre deixando as mochilas
comendo os jambos
lambendo os peitos
e beijando lábios e línguas
com gosto de bala





seus textos são todos registros
de quem são
são


seus sexos são todos regressivos
de quem são
se são


sãos?


seus nexos geram filhos do repolho
seus trâmites esperam milhos de amor
suas cadências, tão loucas tão louças
transmitem um olhar velho e agradável
comum e lento, como quem espera
resignados, suas vestes vivem
seus sexos geram filhos no espeto
nos estranhos nos escuros
nas luzes únicas da noite



sim suas obras te cercam te criam te controlam
conto
suas vergonhas te roncam
o senhor, a senhora


quem lêem isto, te mentem mais que poetas
e mentem muito mesmo
quase chegam a repetir
tudo que foi esperado
tudo que é levemente descendente
e sofrido e doído e sincero como esta página



tudo tão indignado sofrido doído lento



como esta página


assim que ela existir eu como
assim que for real
que for fria e tangível e fina e áspera e sincera
eu como com sal sem sal do mundo
molhada de prazer e saliva
do que é bom do que é agradável e do que é belo
do que é real do que é do meio e do que é sonho


é uma pena que eu entenda as coisas assim


um verso em ritmo de sono
em ritmo de um tempo atrasado
em sopro de dragão e de noite

e de fim

3 comentários:

lave











metâmero

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