segunda-feira, 14 de setembro de 2009

meia foto

e eu desejo         e me despreza
de volta ao que sou
ou não; de volta nada
eu te detesto
ah como eu te quero e te detesto
eu sempre perto
tão longe quanto os versos cantados
que me narram
ah te detesto
te desejo e odeio
merecer sentir
mas de volta ao que sou
eu sempre longe         é isso

ah te detesto e imagino
tecidos e pele
e voz

mas nada
quando embora
me quer sem que eu soubesse
mas tudo
que eu queria
        e olhava
meio olhar atrás da pilastra
meia foto
                sorriso inteiro
ah mas sempre aéreo
desculpa pra ver de novo
é sempre longe e é isso

3 comentários:

  1. não sei se vai dar tempo de mandar o e-mail hoje.

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  2. encantador. e aí a pessoa não consegue parar de ler!
    beijoss

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  3. Grande Marcos, você conseguiu explicar a minha mudança como eu não consigo e não conseguiria, e ainda com lirismo. "se desiste mais uma vez / da busca de um eu ... se foge mais uma vez / pela busca de um outro", é bem isso. O que mais dizer? Como negar? Os poetas não deixam a si, a insônia não deixa a mim, mas continuamos. Nos encontramos é na sobriedade das coisas mínimas, porém poetas são inquietos e insistem na sandice, embriagar-se de palavras, "eu sempre perto / tão longe quanto os versos cantados / que me narram". Grande poeta, abraços do amigo norte-mineiro.

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