esse meu silêncio não foi nunca indiferença e você sabe
que para mim tão prolixo ficar distante é uma tortura
que te esperar e mesmo todo esse tempo só eu que fui contra mim
e que te esperando(,) vivi, cretinamente
e que mesmo só eu fui para você
que quando te procurei foi por não aguentar
(e esqueci intencionalmente decisões-previsões-intenções-princípios
para depois amargar pecados contra mim, de tédio, de desespero)
e você sofre tanto
mas para você
nada é tão importante
e sempre: foi tarde demais
e nessas horas eu nunca penso no mal que você me faz
nas suas despedidas em mim despedaçado
na sua humilhante responsabilidade
é a sua voz que me rasga a boca
e que me brilha os olhos
eu me destruo de novo, consumo
o seu suor me pinga na língua de desejo
e mesmo quando eu for lembrar
você será sempre essa história mal resolvida na minha vida
e eu nunca terei te decifrado, nem nos momentos de entrega mais plena
e eu serei sempre cretino e medíodre, nunca o eu lírico das músicas que ouço
saberei que quando estava mal era culpa minha
e quando bem é porque eu não estou mais
e que assim eu tento fugir
eu não estou mais em mim
e transformando essas frases no meu estandarte
esse meu estandarte de palavras sujas e amargas,
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"ela vai voltar, vai chegar
ResponderExcluire se demorar i wait for u
ela vem e ninguém mais bela"
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBelo... simples assim...
ResponderExcluir(porque comentários simples dizem mais que mil palavras-literalmente)
Pinga na Língua de Desejo é um bom nome pra banda, hein? Tipo Sol na Garganta do Futuro...
ResponderExcluirPoderia ser uma carta dilacerante, lida e guardada com tristeza, ou uma música que se repetiria constantemente nas rádios, cantada sem fervor, mas não, é um poema sincero, que é lido com sinceridade e lembrado por muitos eus, poéticos ou não.
ResponderExcluir"...esse silêncio todo me atordoa atordoado eu permaneço atento..."
ResponderExcluireduardo, na verdade o lugar desse texto é ambíguo. poderia ser tudo isso que você falou, e é.
ResponderExcluirsó está aqui por uma espécie de tentativa de dessacralizar essa intensa sensação de que ele trata.
é uma investida frustrada para uma (im)possível indiferença com essa situação.
queria te dizer que foi resultado de um desenvolvimento no meu processo criativo, mas não foi. foi vômito. isso é vômito, isso sim.
sabe quando bate um vento e vem tudo de repente?
ResponderExcluira situação é a mesma, sempre e o que vem de novo são só as palavras.
acho que é isso.
beijos
sempre fico aliviada depois de vomitar
ResponderExcluir"é a sua voz que me rasga a boca
ResponderExcluire que me brilha os olhos
eu me destruo de novo, consumo
o seu suor me pinga na língua de desejo"
Perfeito!
Que delicadeza, Marcos.
O vômito mais sincero que já li.
seu texto me levou a catarse como se fosse meu.
ResponderExcluir"eu-poético" = "eu-lírico"
ResponderExcluirual, isso liberta!
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