segunda-feira, 3 de maio de 2010

vasta obra

por marcos e myra

mamãe é do norte de Minas
meu pai é da Bahia
eu? nasci no Espírito Santo
já morei em tantos bairros de BH
eu mudo muito
nessas andanças perco as coisas mudanças
perco os livros músicas poemas
perco pessoas
papéis avulsos
em mesas de bares
banheiros públicos
restaurantes
verdade, eu escrevo e fica
minha vida já é uma história
pode ser que sim
pode ser que não

15 comentários:

  1. por um instante cheguei a pensar que meu texto estivesse pior do que realmente está.
    depois desse instante, li o resto do comentário. =)

    a minha fraude é real, tanto quanto o desejo que a motiva...

    só uma curiosidade, marcos. como chegou ao meu blog?

    abraços

    ResponderExcluir
  2. ah, nem tenho um puta preconceito, até pq eu já fui uma adolescente escrevedora também.

    mas vc há de convir que a maioria adolescente nesse meu brasio tá longe de pensar pra escrever... mas enfim, não quis desmerecer seus escritos também!

    obrigada pelos elogios ao blog, abraços!

    ResponderExcluir
  3. deve ser sim. difícil é achar alguém interessado em ouvir... também perco os livros músicas poemas... pior é esquecer poesia que se faz no chuveiro... mas tudo tem que apodrecer pra servir de húmus pra novas flores que virão. como aquelas flores brancas cheirando doce hoje à tarde. formol fede.

    PS:passamos por momentos de tensão e gozo com a identidade da bruxa da menina... cavalo de fogo, sabia, menino?

    ResponderExcluir
  4. sabia sim! rs

    hum, esse poema eu escrevi com a Myra, mas sobre ela que com ela. ela que perde papéis assim, eu sou muito apegado com meus originais/rascunhos. mas sempre esqueço coisa boa também. sei bem como é essa sensação de perder *coisas*

    ResponderExcluir
  5. esse poema parece um trecho da minha vida.
    também já fui de perder coisas:
    poemas entre um respiro e outro
    livros entre uma cidade e outra
    amores entre um e outro beijo.
    vivi anos a fio nômade e exilado
    entre cidades
    e às vezes
    vejo o céu de uma em outra
    só as coisas perdidas continuam lá
    no universo quântico escondidas
    dentro das vinte dimensões.

    ResponderExcluir
  6. Be cool que o texto do Fanzine vai voltar com umas ilustras, nigga.

    Ao menos esse você não perde. E história é sempre invenção...

    Abraço,
    Jão

    ResponderExcluir
  7. eu já perdi muitas coisas.
    você realmente é capixaba?
    mesmo que não seja segredo, acho que você é a nina - para mim é mistério, então suponho.

    ResponderExcluir
  8. a Myra, sobre e com quem eu escrevi esse texto é que é.

    ResponderExcluir
  9. É bom esbarrar com você por BH, sô!
    Nos encontramos, ainda, entre andanças poéticas, lúdicas ou musicais por aí...até!

    =)

    ResponderExcluir
  10. “Cela fechada cada um na praia,
    e apesar dos risos, bolas espoucadas,
    o mar segrega às vezes inda mais.
    Eu não sei deixar que o mar
    penetre dentro de mim –
    com suas piscinas de ressaca
    transparentes convidando, musgos no fundo.
    Com o sorvedouro azul junto à rocha
    fazendo todo o ser calado e opresso
    de perigosa grandeza.
    Eu não sei deixar que o mar
    penetre dentro de mim;
    mas deixo a chuva cinza-fina,
    que polvilha de triste a fuga das barracas,
    à vontade entrar.
    Só com ela, sou cela
    fechada na praia –
    que apesar dos risos e bolas espoucadas
    o mar, de todos, me segrega mais.

    Eu tenho medo das águas,
    que lavam e salgam –
    como o tempo;
    que se esbatem e dissociam
    sem jamais se perderem,
    mas sabendo que aniquilam
    como o tempo.
    Em paciência ou ímpeto se eternizam
    sobre cadáveres – as águas –
    como o tempo.
    Cheia de amendoeiras a praia
    e eu sentada sozinha
    como um pequeno tronco decepado.”

    IRENE DE MELLONEVES em COMO UM PEQUENO TRONCO DECEPADO

    ResponderExcluir
  11. "o meu pai era paulista, meu avô pernambucano, o meu bisavô mineiro, meu tataravô baiano..."

    abraços marcos

    ResponderExcluir
  12. Gostei muito do poema e fiquei feliz com a visita ao meu. Sim, leio muito o Manoel o exercício de inventar memória vem das dele.
    Fez engenharia? Eu acabei fazendo biologia pra entender o que já vem desmontado, metamerizado... né?

    Ganhou um leitor assíduo pra cá. Abração

    ResponderExcluir
  13. tem um artista plástico, ele se chama fernando augusto, disse numa palestra que passava pela mesma situação. Perdia coisas, tinha que abandoná-las... e entao ele começou a transformar essas lembranças velhas que iam se perder em obras, ele desenhava em cima de livros, cartas, fotografias. lindos trabalhos. seu texto me lembrou isso...

    ResponderExcluir
  14. Agora sim, rsrs...

    Sua poesia não costuma ser tão redonda assim, né? Essa parece que vai ser musicada...

    Ah, sim! Tenho que levar em conta que é de dupla autoria... mas mesmo assim.

    (causei muita confusão naquele blog da Nina Martins, porque você não leu meu comentário! acompanho seu blog, e tenho gostado.)

    ResponderExcluir

lave











metâmero

Creative Commons License
cárdeo [e todo o conteúdo, exceto quando citado de outrx autorx] de marcos assis está licenciado por creative commons atribuição-uso não-comercial-compartilhamento pela mesma licença 2.5 brasil